Chapter 4: Capítulo 4: O Preço da Confiança
Victor continuava a seguir o homem com cautela, mantendo uma distância segura enquanto tentava assimilar tudo o que via. O homem, que se apresentou como Ragnar, parecia ser um caçador experiente. Ele movia-se com uma confiança natural, conhecendo bem os perigos da floresta. A cada passo, Victor sentia que estava se aproximando de um limite onde sua própria habilidade poderia ser insuficiente para garantir sua sobrevivência.
Enquanto Ragnar cortava algumas folhas brilhantes e as guardava em sua mochila, Victor aproveitava o momento para refletir sobre sua própria situação. Ele não tinha muitos recursos, e a habilidade de manipulação gravitacional, embora útil em algumas situações, não era um trunfo contra alguém com a força bruta de Ragnar. Cada movimento seu precisava ser calculado. Ele estava cada vez mais ciente de que, naquele ambiente, confiar nos outros poderia ser tanto uma bênção quanto uma maldição.
"Vamos seguir", disse Ragnar, interrompendo os pensamentos de Victor. "A floresta é vasta, e, embora esses recursos sejam bons, a verdadeira recompensa vem de onde você menos espera."
Victor assentiu, sem saber ao certo o que Ragnar queria dizer. Eles continuaram em silêncio, o ambiente cada vez mais sombrio e inquietante à medida que se afastavam da área mais iluminada da floresta. A névoa aumentava e, com ela, o sentimento de que estavam sendo observados. Victor sentia o peso da tensão no ar, como se algo prestes a acontecer.
O jogo estava se intensificando.
Após várias horas de caminhada, a tensão atingiu seu ápice. Ragnar parou abruptamente, seus olhos fixos em algo à frente. Victor seguiu seu olhar e viu uma enorme serpente, com escamas negras e olhos amarelos brilhantes, deslizando pela trilha à frente. A criatura parecia ter sentido a presença dos dois, suas línguas se movendo para captar os sons e cheiros do ambiente. Ela era enorme, com pelo menos três metros de comprimento, e seu corpo se movia com uma fluidez assustadora.
Ragnar tirou o machado da bainha, observando a criatura com calma. "Isso é problema. Vamos precisar enfrentar, ou ela nos atacará mais tarde."
Victor sabia que não poderia competir com a força bruta daquela serpente, nem com a de Ragnar. Mas ele também sabia que não poderia simplesmente recuar. A serpente tinha uma presença ameaçadora, e se fugissem, talvez a criatura os seguisse. Ele precisava usar sua habilidade para criar uma oportunidade.
"Eu posso tentar manipular a gravidade ao redor dela", disse Victor, buscando uma maneira de usar sua habilidade de forma inteligente. "Posso aumentar o peso de seu corpo, desacelerando-a."
Ragnar olhou para ele com uma expressão de dúvida, mas não disse nada. Ele parecia estar calculando as chances de sucesso. "Faça o que achar necessário, mas não confie apenas em truques. Esta coisa é rápida."
Victor então se concentrou, sentindo as ondas de gravidade ao seu redor. Ele visou a serpente, tentando aumentar o peso de suas escamas e dificultando seu movimento. O objetivo era deixá-la mais lenta e vulnerável ao ataque de Ragnar, que já se preparava para a ofensiva.
No entanto, quando a gravidade começou a mudar ao redor da serpente, ela se agitou. Suas escamas brilharam com um resplendor dourado, e o corpo da criatura parecia resistir à manipulação gravitacional. Ela rosnou, seus olhos brilhando de raiva. A serpente não era uma criatura comum. Ela possuía uma resistência incomum à manipulação de forças externas.
"Isso não vai funcionar como você espera", Ragnar grunhiu, avançando com o machado em direção à criatura.
A serpente, enfurecida, atacou com uma velocidade surpreendente. Seus dentes afiados e sua língua bifurcada atingiram o ar, criando uma pressão poderosa. Ragnar bloqueou o ataque com seu machado, mas a serpente não recuou. Ela tentou morder Ragnar, mas ele foi ágil o suficiente para esquivar-se. O combate entre eles era uma dança mortal, com a força de Ragnar contra a astúcia da serpente.
Victor, vendo que sua habilidade de manipulação gravitacional não estava surtindo efeito, pensou rapidamente. Ele se aproximou da luta, tentando analisar a situação. A serpente parecia rápida e imprevisível, mas talvez ainda houvesse uma maneira de usá-la contra Ragnar. Ele se lembrou da estrutura da floresta ao redor: grandes árvores, raízes entrelaçadas, rochas.
De repente, uma ideia surgiu. Ele poderia manipular a gravidade das árvores para derrubá-las, criando obstáculos que atrapalhassem a movimentação da serpente e, assim, limitassem suas opções de ataque.
Victor focou sua energia e aumentou o peso das árvores próximas, fazendo com que elas caíssem com estrondo no caminho da serpente. O som atraiu a atenção da criatura, fazendo-a hesitar por um momento. Esse momento foi o suficiente para Ragnar conseguir uma abertura e desferir um golpe certeiro. O machado cortou profundamente o corpo da serpente, que soltou um grito de dor e caiu, finalmente derrotada.
Ambos ficaram em silêncio por um momento, observando a serpente cair. A tensão ainda estava no ar, mas a luta havia terminado. Ragnar respirou fundo, limpando o suor da testa. "Não foi o que eu esperava, mas funcionou", disse ele com uma leve expressão de respeito em seu olhar.
Victor sentiu um peso cair sobre seus ombros, mas sabia que essa vitória era temporária. A floresta estava cheia de mais perigos, e a verdadeira luta estava apenas começando. Mesmo com a serpente derrotada, havia algo mais importante em jogo: sua sobrevivência e a confiança que ele havia começado a estabelecer com Ragnar. No entanto, ele sabia que a confiança era algo frágil, especialmente em um ambiente como aquele, onde até os aliados mais improváveis podiam se voltar uns contra os outros.
Eles continuaram a marcha, cientes de que o pior ainda estava por vir. A floresta estava longe de ser domada, e o caminho da esperança estava repleto de obstáculos e perigos inesperados.