Chapter 135: Capítulo 135: O poder de um monarca!
— Se afastem! — repetiu o mini ghoul, desta vez mais severo.
Ainda confusos, mas obedientes, os humanos começaram a recuar.
Foi então que o silêncio foi rompido. No horizonte, antes deserto, uma maré sombria começou a surgir. Uma quantidade absurda de ghouls invadia o campo de visão, como um tsunami de criaturas que parecia não ter fim. À frente do exército, vinham três figuras imponentes, os generais.
— Era o esperado. — comentou o mini ghoul, ainda no idioma dos ghouls. — Posso enfrentar um dos generais, mas o outro... Ele libera um gás venenoso que pode matar não apenas os humanos, mas até mesmo ghouls.
— Qual é a distância que esse gás cobre? — perguntou Kay, também no idioma dos ghouls, seu olhar fixo no inimigo que avançava.
— Não foi testado, mas, pelo relato do general que já está morto, o gás pode cobrir o reino humano inteiro! — respondeu o mini ghoul, mantendo a calma apesar do pavor implícito em suas palavras.
Kay abriu um leve sorriso, quase desafiador. Sua próxima frase saiu em tom claro e em idioma dos ghouls:
— Então isso é perfeito para nós.
O ar ao redor de Kay começou a vibrar, como se o próprio espaço estivesse distorcendo. Um silêncio profundo caiu sobre a área, seguido por um zumbido grave que parecia ecoar dentro dos ossos.
No mesmo instante, o céu começou a mudar. Nuvens escuras se formaram no céu acima do Kay, crescendo e se expandindo de forma monstruosa, avançando apenas na direção onde os ghouls estavam. Era como se o próprio céu respondesse à presença de Kay, uma muralha de sombras que se estendia além do que os olhos podiam ver.
Atrás dele, onde os humanos aguardavam, o céu permanecia intacto, claro como antes. A fronteira entre luz e escuridão era clara e absoluta, como se uma linha invisível dividisse os mundos.
"Esse poder..." pensaram os soldados, suas mentes preenchidas com uma mistura de temor e reverência.
— Uma habilidade que muda o clima? Interessante, mas inútil! — zombou o Monarca, sua voz ecoando por entre seu exército.
Ele continuava avançando com seus generais, a confiança inabalável em cada passo.
As nuvens, no entanto, tornavam-se cada vez mais densas e escuras, como se o céu estivesse sendo tomado por uma entidade viva.
— Esse cheiro... — murmurou o Monarca, franzindo o cenho. Mas antes que pudesse concluir seu pensamento, a chuva começou a cair.
As gotas tocaram o solo e os corpos dos ghouls, queimando como ácido vivo. O efeito foi instantâneo: gritos de dor ecoaram pelo campo de batalha. O caos se instalou, com ghouls contorcendo-se e tentando fugir da chuva corrosiva. Poucos segundos depois, o som dos gritos começou a cessar, mas não porque a chuva parou — a maioria dos atingidos já havia sido destruída.
Mesmo assim, ainda havia muitos ghouls avançando, como se estivessem alheios à devastação ao seu redor.
Os olhos do Monarca se voltaram para o céu. Ele viu as nuvens negras brilhando com um tom esverdeado ameaçador.
— "Ele não está apenas brincando com o clima", — pensou o Monarca, estreitando os olhos.
De repente, raios começaram a cair, iluminando o campo de batalha com clarões violentos. Cada relâmpago atingia o solo como um martelo divino, pulverizando ghouls e abrindo crateras no terreno. Alguns raios caíram em áreas já desertas, mas isso pouco importava — o espetáculo era caótico e implacável.
— Estamos perdendo tropas. — disse um dos generais caídos, sua voz grave, mas sem pânico. — Ele não parece ter controle de onde os raios vão cair.
— Não baixe a guarda. — respondeu o general preguiçoso, seu tom indiferente, mas com uma sombra de cautela nos olhos.
Enquanto isso, o mini ghoul observava atentamente, seus olhos brilhando em alerta. Ele se inclinou para Kay e, no idioma dos ghouls, perguntou:
— Quer que eu vá?
Kay, imóvel e com o olhar fixo no inimigo, respondeu com calma:
— Está quase no alcance. Por enquanto, apenas observe.
— Certo. — disse o mini ghoul, recuando um passo, mas sem desviar os olhos.
Os raios começaram a cessar aos poucos. A chuva corrosiva ainda caía, e enquanto muitos ghouls permaneciam sofrendo sob seu efeito, outros continuavam avançando como se fossem indiferentes à dor.
Os generais e o Monarca, porém, avançavam sem hesitar. Eles não pareciam sentir o menor desconforto. O Monarca abriu um sorriso cruel, observando a devastação ao seu redor.
— "Um truque impressionante... mas será que é o bastante?" — pensou ele, enquanto a distância entre os dois exércitos diminuía.
Alguns segundos depois, o silêncio foi quebrado.
— Ei, Kay, se vai fazer algo contra o do veneno, faça logo! — exclamou Thais, o tom ansioso em sua voz.
(Todos os ghouls falam no idioma deles.)
— Monarca? — perguntou o mini ghoul, seus olhos se voltando para Kay.
Kay estava com a mão no rosto, como se estivesse lutando contra uma dor profunda.
— Entendi... — murmurou ele, antes de erguer os olhos fixos no inimigo. — Agora que vi o rosto desse ghoul, me lembrei dele. Eu perdi antes... Então isso é uma revanche!
Com um salto poderoso, Kay ergueu-se no ar e, com um golpe brutal de calcanhar, atingiu o solo. O impacto fez a terra tremer como em um terremoto. A partir do ponto atingido, uma fenda começou a se abrir, criando uma enorme cratera que avançava rapidamente em direção ao exército dos ghouls.
— Voem! — ordenou o Monarca, com um rugido que ecoou pelo campo de batalha.
Os ghouls no chão entraram em pânico. Muitos não tinham asas, tornando-se presas fáceis para o colapso do solo. Alguns tentaram alçar voo, mas não foram rápidos o suficiente; outros, mais ágeis, conseguiram escapar e continuaram avançando ao lado do Monarca e de seus dois generais.
— Ele acabou com o nosso exército! — exclamou o general preguiçoso, observando o caos.
— Esse buraco é enorme... Será que tem fundo? — perguntou o general caído, intrigado.
Kay respondeu com um sorriso macabro.
— Por que não vai descobrir? — disse ele, a voz carregada de ironia.
No mesmo instante, o céu escurecido brilhou com um tom esverdeado em um único ponto. Um raio colossal caiu do céu como a lâmina de um deus, atingindo o general caído e lançando-o diretamente para dentro da cratera.
— Desgraçado! — gritou o Monarca, sua fúria evidente.
Fumaça começou a subir do buraco.
— Ele ainda está vivo... embora esteja à beira da morte. — disse Kay, observando calmamente o fundo da cratera.
No horizonte, as nuvens se retraíram, condensando-se em uma única massa escura e ameaçadora.
— Adeus, ameaça nível rei. — murmurou Kay.
A nuvem despejou uma torrente de chuva ácida, desta vez ainda mais intensa. Os ghouls restantes foram rapidamente consumidos. Quando a tempestade cessou, apenas o Monarca e o general preguiçoso haviam sobrevivido, suas figuras imponentes pousando diante de Kay.
— Maldito! Eu já te matei uma vez! — rugiu o Monarca, desta vez no idioma humano.
— Meu Monarca não conhece o idioma humano. Repita no idioma dos ghouls! — alertou o mini ghoul.
O Monarca ignorou e continuou, agora no idioma dos ghouls:
— Eu já te matei! Por que está vivo?
Kay cruzou os braços, encarando-o.
— Você me cortou, mas eu não cheguei a morrer. Apenas hibernei para me recuperar. Deveria ter me devorado!
— Eu farei isso agora! — rosnou o Monarca, avançando um passo à frente.
Kay lançou um olhar breve para a cratera, desfazendo a nuvem acima.
— O veneno poderia ser um problema, mas lá embaixo está tudo bem. — disse ele, um tom de desafio em sua voz.
O Monarca estreitou os olhos.
— Deixou dois vivos... Quer igualar os números?
Kay sorriu.
— Não sou tão fácil assim. Tentei ferir vocês também, mas o ataque não foi o suficiente.
— Vamos acabar logo com isso. Você conseguiu me irritar. — retrucou o Monarca.
— Ainda não. Estou esperando alguém para enfrentar esse ghoul do seu lado. — respondeu Kay, apontando para o general preguiçoso.
O general arqueou uma sobrancelha.
— Não vai usar seu general? Está me subestimando?
Kay balançou a cabeça.
— Não é isso. Ele te mataria muito rápido. Quero ver o poder da minha outra general. Ela acabou de despertar... aguardem um pouco.
O general preguiçoso riu, debochado.
— Parece divertido. Vamos esperar. Mas depois que ela chegar, vocês estarão mortos.
Kay estendeu a mão, sua postura imponente.
— Me sirvam, e eu os deixarei viver.
A provocação fez o Monarca e o general se irritarem ainda mais. Suas auras opressoras emanaram como ondas de energia, abalando o campo ao redor.
— O que pensa que está fazendo? — gritou o general preguiçoso, ofendido.
Kay lançou um olhar para os humanos e para o mini ghoul, que claramente sentiam a pressão dessas energias.
— Esperem um pouco. — disse Kay, caminhando em direção aos humanos.
— Desgraçado... — murmurou o Monarca, cerrando os punhos.
Kay parou diante de Thais e tocou em sua cabeça.
— Estou me lembrando de vocês. Por favor, afastem-se para bem longe. Se ficarem aqui, não posso garantir que sairão ilesos.
Ravena, que acabava de chegar, traduziu as palavras para os humanos.
— Essas asas... são enormes! — exclamou Fiona, impressionada.
— Eu evoluí para general. Voltem para a muralha. Se ficarem mais próximos do que isso, serão atingidos. — disse Ravena, firme.
— Tudo bem. Voltem vivos! — respondeu Thais.
Ravena traduziu para Kay, que sorriu de canto.
— Eu me garanto. Só não sei se ela vai.
— Eu não vou dizer isso. — respondeu Ravena, cruzando os braços.
— Vá com eles, só por precaução, caso algum ataque escape. — ordenou Kay.
— Certo. — disse o mini ghoul, manifestando suas asas.
— Vão! — disse Ravena, ordenando seus soldados.
— Tá! — responderam os humanos, ativando as asas de seus trajes e voando para longe.
Kay observou Ravena se posicionar ao seu lado.
— Desculpe a demora. — disse ela, determinada.
O Monarca a olhou com desdém.