Tetsu no Chikara: Saigo no Kibō

Chapter 144: Capítulo 144: Me ofereçam suas habilidades!



Do lado de fora da fazenda, Kay estava parado, acenando para Emilia e o Mini Ghoul, que o observavam à distância.

— Acho que ele terminou. — disse Emilia, com um tom de alívio.

— Sim. — respondeu o Mini Ghoul, em um murmúrio gutural.

— Vamos até ele. Me dê uma carona! — pediu Emilia, confiante.

O Mini Ghoul manifestou suas asas e carregou Emilia no ar até Kay.

— Obrigada! — disse ela, sorrindo enquanto pousava ao lado do monarca.

O Mini Ghoul fez um breve aceno com a cabeça antes de se afastar.

— Essa é sua recompensa. Fique à vontade. — disse Kay, gesticulando em direção aos corpos dos guardas mortos.

O Mini Ghoul não perdeu tempo e foi em direção ao banquete. Enquanto isso, Kay e Emilia se afastaram para perto do muro.

— Eu tentei ser amigável. — disse Kay, suspirando ao se sentar no chão. Ele deu dois tapinhas em sua coxa, indicando para Emilia se sentar. Ela o fez, acomodando-se com naturalidade.

— Eu sei que tentou. É difícil as pessoas aceitarem uma mudança tão repentina. Mas, de fato, é uma pena. — disse Emilia, pensativa.

— Sim. — respondeu Kay, olhando para ela.

Por um instante, os dois se encararam.

— Acho que esse não é o momento apropriado. — disse Emilia, desviando o olhar.

Kay sorriu de lado.

— Tem razão. Ali, o Mini Ghoul está devorando humanos e, daqui a pouco, vai estar cheio de gente saindo daquela porta. — comentou ele

Sem aviso, Emilia se inclinou e o beijou.

— Eu estava brincando. — disse ela, rindo.

Kay a puxou de volta para outro beijo.

Alguns minutos depois, o Mini Ghoul já estava no topo do muro, terminando de devorar os guardas, enquanto os civis começavam a sair da fazenda, confusos e cautelosos.

— Para onde eles vão agora? — perguntou Emilia, ainda próxima de Kay.

— Talvez para o reino deles. Ou podem nos ajudar a reconstruir este país. Mas o discurso... é com você. Boa sorte. — disse Kay, levantando uma sobrancelha.

— Por que eu? Eu nem preparei nada! — protestou Emilia, visivelmente nervosa.

— É só dizer o que pensa. Vai dar tudo certo. — encorajou Kay.

— Acho que não é tão simples assim! — retrucou ela, cruzando os braços.

Kay sorriu e segurou o rosto dela com delicadeza.

— Você vai se sair bem. — disse ele antes de beijá-la novamente.

— Tudo bem. — respondeu Emilia, um pouco envergonhada, mas determinada.

— Podemos ouvir vocês! — interrompeu Carla, a jovem que Kay havia transformado em general, surgindo de repente.

— Quem é essa? — perguntou Emilia, desconfiada.

— Agora é uma general. — respondeu Kay, casualmente.

— Tinha que ser outra garota? — disse Emilia, com um tom sério e um olhar afiado.

Kay ergueu as mãos em rendição.

— Ela era a mais apropriada para o cargo. Não se preocupe, fiz uma promessa para a Mira. Nada vai acontecer.

— Espero que tenha razão. — respondeu Emilia, levantando-se.

Kay se levantou logo depois, limpando a sujeira do chão de sua roupa.

— Aliás, qual é o seu nome? — perguntou Kay, voltando-se para Carla.

— Me chamo Carla, monarca. — respondeu ela, curvando-se levemente.

— Bem-vinda, Carla. Comeu tudo? — perguntou ele, curioso.

— Não consegui. Minha barriga parece que vai explodir de tão cheia! — admitiu Carla, rindo de leve.

Kay cortou seu próprio braço e o entregou para ela.

— Por quê? — perguntou Carla, surpresa.

— Para terminar sua evolução. Garanto que vai gostar. — respondeu Kay, enquanto seu braço se regenerava diante dos olhos dela.

— "Mas eu já estou cheia..." — pensou Carla, hesitante.

Kay apenas sorriu e voltou para perto de Emilia. Convencida pelo olhar dele, Carla deu uma mordida no braço. O sabor era tão irresistível que ela não conseguiu parar até devorar tudo.

— Eu não gosto disso. — murmurou Emilia, com um olhar inquieto.

— É necessário. Eu também não gosto, mas vou evitar fazer isso na frente de vocês. — explicou Kay.

— Não é esse o problema. — disse Emilia.

Kay segurou a mão dela e a virou na direção dos civis, que agora se aglomeravam em frente ao muro, observando os dois com olhares de dúvida e medo.

— Eu sei, amor. — respondeu Kay, com um sorriso reconfortante.

Emilia respirou fundo, reuniu coragem e deu um passo à frente.

— Eu sou Emilia, a imperatriz deste país. Ao meu lado está Kay, meu marido e monarca dos ghouls. Juntos, somos os novos líderes desta terra. Quero que todos entendam uma coisa: durante seculos acreditamos que este reino havia sido tomado pelos ghouls. Sempre que tentávamos nos aproximar, nossos soldados eram mortos antes de descobrirmos o que realmente acontecia aqui. Se soubéssemos que havia vidas humanas neste lugar, teríamos tentado salvar vocês muito antes. Por isso, peço desculpas.

Ela fez uma pausa, olhando para cada rosto.

— Estamos aqui para mudar isso. Tanto eu quanto Kay assumimos nossos postos recentemente e viemos para ajudar. O antigo monarca e seu exército foram eliminados. Agora, estamos reconstruindo este país e oferecendo a vocês uma escolha: juntem-se a nós na reconstrução desta terra. Não forçaremos ninguém, mas, juntos, podemos restaurar a glória deste reino e construir um futuro melhor para todos.

Um civil, tremendo de medo, levantou a voz:

— Podemos recusar?

Emilia respondeu com firmeza:

— Podem. Vamos dividir as terras de forma justa. Se preferirem construir por conta própria, podem fazê-lo nas áreas designadas, mas terão menos ajuda do nosso povo. Contudo, há regras. Não toleraremos assassinatos, abusos ou desobediência às leis que serão impostas. Os humanos estão em extinção. Se continuarmos divididos, não haverá futuro. Pensem nisso.

O silêncio caiu sobre o grupo, quebrado apenas pelo som do vento.

Kay se aproximou de Emilia, colocando a mão em seu ombro.

— Para algo improvisado você foi incrível. — disse ele, com um sorriso.

— Obrigada, amor! — disse Emilia, sorrindo, enquanto olhava para Kay.

Kay respirou fundo antes de responder, com um tom firme:

— Eu entendo o tratamento que vocês receberam. Mas naquela cidade, as pessoas não faziam ideia do que acontecia nesta fazenda. Não guardem rancor deles. Aqueles que os feriram já estão mortos aqui, e muitos acabaram devorados. Quanto ao rei de vocês... Eu ainda não sei quem ele é, mas garanto que será morto assim que eu encontrá-lo!

— Rei? O país era controlado apenas por aqueles guardas que você já matou! — disse Carla, confusa.

Kay pareceu refletir por um instante antes de responder:

— Entendi. Nesse caso, vamos eleger reis para governar cada reino. Serão pessoas de confiança, então não precisam ter medo.

A cena muda.

Uma garotinha estava sentada em um trono, seus pés balançando de leve, enquanto vários ghouls se curvavam diante dela.

— As coisas estão ficando divertidas! — murmurou ela, com um sorriso travesso no rosto.

Um dos ghouls ergueu a cabeça, impaciente:

— Quando será a nossa vez?

— Em breve. Muito em breve! — respondeu a garota, com um olhar que misturava malícia e excitação.

No dia seguinte, na base do exército.

— Amor? — chamou Ravena.

Kay estava parado, observando Ravena, Carla e o Mini Ghoul, que o encaravam com expectativa.

— Chegou a hora. — anunciou Kay, com uma seriedade cortante.

O silêncio tomou conta da sala de treinamento.

— Tá, mas... hora do quê? — perguntou Ravena, quebrando o clima.

Carla e o Mini Ghoul trocaram olhares confusos.

— Agora tenho três generais. Preciso das habilidades de vocês. Podem dá-las para mim? — perguntou Kay, encarando-os com intensidade.

— Vai tomar nossas habilidades...? — murmurou Carla, surpresa.

Ravena, no entanto, foi rápida. Sem hesitar, cortou o próprio braço e o estendeu para Kay, com um brilho de empolgação nos olhos.

O Mini Ghoul seguiu o exemplo, arrancando seu braço e oferecendo-o a Kay sem reclamar.

— Vai em frente, amor! — disse Ravena, eufórica.

— Vamos lá, monarca! — incentivou o Mini Ghoul, animado.

Kay fez uma pausa antes de esclarecer:

— Não vou tomar as habilidades de vocês. Do mesmo jeito que vocês ganharam suas habilidades ao comerem uma parte do meu corpo, eu também ganharei as habilidades de vocês quando devorar uma parte de seus corpos. Mas não se preocupem: vocês continuarão com os poderes que têm.

Ravena ergueu uma sobrancelha.

— Você não recebeu essa informação quando virou ghoul?

— Pouca coisa. Não sabia disso. — respondeu Carla, surpresa.

Ravena sorriu, olhando para os outros generais.

— É isso que significa dar suas habilidades ao monarca. Ofereçam de coração.

— Eu não me importo. Você que me deu essa habilidade, afinal. — disse Carla, cortando seu braço e estendendo-o para Kay.

— Começa pelo meu! — insistiu Ravena, visivelmente empolgada.

Kay pegou o braço dela e começou a devorá-lo. Ravena observava, fascinada, como se estivesse assistindo a um espetáculo.

— Tá parecendo uma masoquista. — comentou uma voz atrás deles.

Thais entrou na sala, com o cabelo ainda úmido.

— Nós falamos para ninguém entrar aqui agora! — reclamou Ravena, irritada.

— Eu estava no banho, não ouvi nada. — respondeu Thais, despreocupada.

Kay terminou de mastigar e olhou para ela.

— Como está a missão?

— Os soldados que vão para aquele reino já estão se preparando para sair. — respondeu Thais.

Kay assentiu.

— Entendo. Mas tem certeza de que quer ficar aqui vendo isso?

Thais deu um sorriso.

— Por mais estranho que pareça, esse é um lado seu. Quero ver, sim. — disse ela, sentando-se perto do grupo.

Carla a encarou, surpresa.

— Você é noiva dele também?

Thais deu uma risada debochada.

— Surpresa? Esse cara aí tá cheio de mulher. E, se quer saber, ainda tem outras que você nem viu!

— Não fala assim! Só falta a Aiko para ela conhecer. — resmungou Kay, sem graça.

— Eu ouvi meu nome! — disse Aiko, entrando na sala.

Ela parou ao ver a cena e franziu a testa.


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