Chapter 147: Capítulo 147
Todos na sala estavam atentos quando o símbolo no ombro de Kay começou a desaparecer, queimando em um brilho tênue antes de sumir completamente.
— O monarca morreu. — anunciou Kay, sua voz grave
— Morreu? Mas como? — exclamou Joana, incrédula.
— Foi outro monarca? — arriscou Mira, visivelmente tensa.
— Ele quebrou nosso acordo... — respondeu kay com frieza, sem olhar para ninguém.
A cena muda. Kay e seus generais agora estavam diante do exército do monarca, em uma vasta planície coberta por uma névoa densa e pesada. As nuvens acima carregavam trovões que iluminavam momentaneamente o campo de batalha, revelando as expressões tensas dos ghouls.
Um dos generais do monarca, um ghoul alto e de aparência bestial, deu um passo à frente, os olhos brilhando de raiva.
— O que você fez, maldito?! — rugiu ele, apontando para Kay.
Kay deu um passo à frente também, mantendo a calma, mas sua presença era esmagadora.
— Eu? Não fiz nada. Foi o seu monarca... aquele guloso. — respondeu Kay, com um tom quase desdenhoso, enquanto o vento soprava seu cabelo e casaco.
O general cerrou os punhos. — Ele não tocou no seu território! Mas, logo depois de devorar um humano, ele... ele simplesmente morreu! Por quê?!
Kay inclinou levemente a cabeça, seus olhos ardendo em uma fúria contida.
— Vocês realmente não entendem, não é? Não importa de quem é o território. Todos os humanos desse universo me pertencem. — Sua voz era fria como gelo, mas carregava uma autoridade que fazia até o vento parecer hesitar. — Vocês deveriam ter compreendido isso antes de seu monarca decidir firmar o pacto.
— Isso não faz sentido! — protestou o general, a confusão estampada em seu rosto.
Kay ignorou o protesto, avançando mais alguns passos, cada movimento seu parecendo pesar sobre o exército à sua frente.
— Aqui está o que vai acontecer. — declarou ele, com um tom que deixava claro que não estava pedindo. — Se curvem. Jurem lealdade a mim. E eu pouparei vocês.
O silêncio foi absoluto. A tensão no ar parecia prestes a explodir.
Kay deixou seu poder escapar apenas por um instante, fazendo o chão tremer sob seus pés. Ele olhou diretamente para o general, os olhos vermelhos brilhando como brasas vivas.
— Caso contrário... — ele continuou, abrindo lentamente as asas, que reluziam sob os clarões dos trovões. — Vocês vão morrer.
O vento carregou sua ameaça pelo campo. Os soldados ghouls se entreolharam, hesitantes. Até o general parecia abalado, mas ele ainda tentava manter a compostura.
Por um instante, o campo de batalha ficou em silêncio. Depois, em um único piscar de olhos, a cabeça do general e de vários ghouls ao seu redor estavam no chão, rolando pela terra ensanguentada. Carol já havia retornado para perto de Kay, limpando os braços cobertos de sangue com a mesma calma de quem executa uma tarefa rotineira.
— Eles não aceitaram. — anunciou ela, sua voz gélida e firme, enquanto observava o restante do exército recuar por reflexo.
Kay permaneceu imóvel, olhando diretamente para os ghouls com uma expressão impassível. Então, ele ergueu uma das mãos, apontando para a frente como um rei comandando sua legião.
— Abram caminho até o monarca. — ordenou ele, a força em sua voz cortando o ar como uma lâmina.
— Certo! — responderam os generais em uníssono, avançando como um vendaval furioso contra o exército inimigo.
Ravena liderou o ataque, sua foice manifestada em um brilho intenso de energia cortante. Ela girou a arma com maestria, e cada movimento criava um rastro letal.
— Vocês acham que podem nos enfrentar? — gritou ela, girando no ar e desferindo um golpe horizontal que varreu uma linha inteira de ghouls, cortando-os ao meio em um piscar de olhos.
Outro grupo tentou cercá-la, mas Ravena, com sua agilidade sobrenatural, saltou para o alto. De lá, ela lançou sua foice em um arco brilhante. A lâmina atingiu o chão, liberando uma explosão de energia cortante que pulverizou os inimigos ao seu redor.
— "Fracos demais." — pensou ela, puxando a foice de volta com um movimento de mão. Ela pousou suavemente, girando a arma pronta para o próximo ataque.
Mini Ghoul, por outro lado, era pura força bruta. Seus tentáculos se esticavam e golpeavam com uma força esmagadora, arrancando ghouls do chão e os esmagando como bonecos de pano.
— Venham! Todos de uma vez, se forem corajosos! — provocou ele, girando um de seus tentáculos que estava repleto de energia acumulada.
Quando um grupo de ghouls se lançou sobre ele, Mini Ghoul girou em um movimento explosivo, liberando a energia armazenada. A onda de choque criada arremessou os ghouls para longe, seus corpos esmagados pelo impacto brutal.
Um dos ghouls mais resistentes tentou acertá-lo pelas costas, mas Mini Ghoul virou-se a tempo, agarrando-o com um tentáculo e arremessando-o contra uma rocha próxima com tanta força que a pedra se desfez em pedaços.
— Você não devia ter tentado. — zombou ele, antes de se virar para enfrentar o próximo grupo.
Carol era um borrão em meio ao caos. Enquanto os ghouls tentavam se reagrupar, ela já estava entre eles. Seu movimento era tão rápido que apenas lampejos de luz e rajadas de vento indicavam sua passagem.
Um dos ghouls ergueu os tentaculos para se defender, mas antes que pudesse completar o movimento, Carol já havia aparecido atrás dele. Com um soco preciso, ela o lançou metros à frente, onde seu corpo colidiu com outros ghouls, derrubando-os como peças de dominó.
— Muito lentos. — murmurou ela, desaparecendo novamente.
A cada segundo, ghouls caíam sem nem ao menos ver o ataque chegando. Carol corria ao redor do campo, criando correntes de vento tão fortes que os inimigos eram arremessados sem controle.
Em um momento de pura demonstração de poder, ela acelerou ao máximo, correndo em círculos ao redor de um grupo de ghouls até que o vácuo criado por sua velocidade os erguesse do chão. Então, ela saltou para o centro, desferindo um chute giratório em alta velocidade que os lançou para longe como projéteis.
— Quem será o próximo? — perguntou ela, sorrindo de forma sombria, enquanto observava os sobreviventes hesitarem em avançar.
No centro de tudo, Kay caminhava calmamente, passando pelos corpos dos generais e cortando um pedaço de seus tentaculos e comendo. Seus generais abriam caminho com eficiência, eliminando qualquer resistência.
— Ei, amor, vai ficar só comendo ou vai lutar também? — exclamou Ravena, girando sua foice em um arco que eliminou mais uma horda de ghouls, o brilho cortante da lâmina refletindo em seus olhos determinados.
Kay, imóvel diante do corpo do monarca caído, respondeu com um sorriso preguiçoso:
— E acabar com a diversão de vocês? Estou fora. Fiquem à vontade!
Ravena estreitou os olhos enquanto continuava seu massacre, observando Kay de relance.
— "Ele só quer comer..." — pensou, desconfiada.
Enquanto isso, Kay olhava fixamente para o corpo do monarca, seus pensamentos mergulhados em um desejo calculado.
— "Uma habilidade de abrir portais... Eu necessito disso."
Alguns minutos se passaram.
— Terminamos! — anunciou Ravena, aproximando-se de Kay ao lado de Mini Ghoul e Carol. O trio parecia triunfante, suas silhuetas tingidas pelo sangue de seus inimigos, mas a energia deles ainda era alta.
Kay assentiu com satisfação.
— Bom trabalho. Está aí a recompensa de vocês.
Ravena arqueou uma sobrancelha, olhando para ele.
— Mas você comeu pouco. Tem certeza?
Kay balançou a cabeça, casualmente.
— Já me recuperei. Peguei a habilidade dele. Fiquem à vontade vocês três.
— Você que sabe. — Ravena deu de ombros antes de se aproximar do corpo do monarca junto com Mini Ghoul, os dois ansiosos para se alimentar.
Carol observava a cena com uma mistura de repulsa e curiosidade.
— Ela vai mesmo...? — perguntou, hesitante.
Kay lançou-lhe um olhar firme, mas tranquilo.
— Deixe a aparência dele de lado. O gosto é bom e vai te fortalecer. Coma antes que os dois ali devorem tudo.
— Eu não vou comer tudo! — reclamou Ravena, já mordendo um pedaço do monarca.
— Nem eu! — protestou Mini Ghoul, com a boca cheia.
Kay sorriu de canto, cruzando os braços.
— Você ouviu. Não pense muito. Eu cuido daqueles que estão sob meu comando, então confie em mim.
Ele colocou a mão sobre o ombro de Carol por um breve instante antes de se afastar, caminhando em direção ao grupo de ghouls que havia se rendido.
Carol ficou em silêncio, olhando para o corpo do monarca.
— "Confiança... Tá aí uma coisa que eu já tinha perdido há muito tempo." — pensou, enquanto dava um passo hesitante em direção ao cadáver.
Kay agora observava os ghouls curvados diante dele. Seus olhos avaliavam cada um com a precisão de um estrategista. Ele apontou para o general, que mantinha a cabeça baixa em submissão.
— Qual é a sua habilidade? — perguntou Kay, sua voz calma, mas carregada de autoridade.
O general ergueu os olhos por um momento, respondendo com cuidado:
— Curos ferimentos de outras espécies.
Kay inclinou a cabeça ligeiramente, interessado.
— Até que grau?
— Ferimentos que poderiam causar o fim dos humanos.
Kay deu um passo à frente, sua expressão ficando ainda mais séria.
— Você consegue mudar a fisiologia deles?
— Não! Todos os humanos que curei continuaram sendo humanos. — afirmou o general com firmeza.
Um sorriso satisfeito surgiu no rosto de Kay.
— Perfeito. Alguém com essa habilidade era exatamente o que eu mais queria. Jure sua completa lealdade a mim e me ajude no meu propósito.
O general hesitou, franzindo o cenho.
— Minha habilidade não funciona nos ghouls. Por que quer tanto alguém assim em seu exército?
Kay olhou para o general com uma intensidade quase palpável.
— Os ghouls têm regeneração. Humanos, não. Preciso que fique no meu território para curar os humanos doentes ou feridos. — Sua voz carregava uma determinação inabalável.
O general estreitou os olhos, tentando decifrar as intenções de Kay.
— Por você já ter sido um humano? — perguntou ele, intrigado.
Kay balançou a cabeça lentamente, seu olhar ficando sombrio.
— Não. É porque quase todas as pessoas que eu amo ainda são humanas. Eu não me perdoaria se deixasse qualquer um deles sem proteção.
O general ficou em silêncio por um momento, antes de se curvar em respeito.
— Entendo. Nesse caso, aceite-me como seu subordinado, e eu também lhe darei a minha habilidade.
Kay abriu um sorriso discreto, mas satisfeito.
— Ótimo. Esses são seus soldados? São combatentes?
— Sim, todos são excelentes em combate. — respondeu o general com confiança.
Kay assentiu e se virou para Mini Ghoul.
— Eles serão seu pelotão. Tome conta deles.
— Certo! — disse Mini Ghoul, animado, antes de voltar a comer com entusiasmo.
Kay cortou seu próprio braço sem hesitação e entregou ao general.
— Aqui, é sua vez.
O general aceitou sem hesitar, começando a devorar o pedaço oferecido.
— Isso é tão nojento, mas tem um gosto tão bom... — comentou Carol, sua expressão dividida entre nojo e prazer, antes de continuar comendo.
— Eu também tive a mesma reação na primeira vez. — disse Ravena, rindo enquanto se jogava no chão com a barriga cheia.
Kay lançou um olhar breve para o general enquanto ele se alimentava.
— Quando terminar, vá para seu posto.
— Certo. — respondeu Mini Ghoul, mastigando sem parar.
Kay riu levemente e se aproximou de Ravena, estendendo a mão para ajudá-la a se levantar.
— Caraca, amor... — comentou ele, enquanto a observava.
— O que foi?! — retrucou Ravena, ficando irritada com a provocação.
— Nada, nada. Vamos sentar ali. — respondeu Kay, com um sorriso divertido.
A terra diante deles começou a se moldar como se obedecesse à vontade de Kay, formando um trono sólido e imponente. Ele se sentou e puxou Ravena para o seu colo.
— "Que barrigão!" — pensou ele, observando a barriga dela, mas sem ousar comentar.
Ravena estreitou os olhos para ele, desconfiada, mas antes que dissesse algo, Kay falou:
— Eu ia comentar isso na reunião, mas enquanto eu seguia o monarca, minha habilidade se expandiu pelos outros países. Consegui sentir que os outros dois monarcas são muito fortes. E...
A cena muda para a sala de reunião, onde as mesmas pessoas de antes estavam reunidas, ansiosas.